domingo, 22 de dezembro de 2013

Oficina ajuda pais a evitar alienação parental.


O divórcio não é de fato “o grande vilão” dos problemas emocionais enfrentados por muitos filhos no processo de separação dos pais. Foi o que afirmou a juíza Vanessa da Rocha, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em palestra na I Conferência Nacional de Mediação de Família e Práticas Colaborativas, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na terça-feira (10/12), no auditório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A magistrada contou a experiência da Oficina de Parentalidade, desenvolvida pela Corte paulista, para ajudar os pais a lidarem melhor com os conflitos advindos da separação. A iniciativa tem por objetivo combater a alienação parental.
A magistrada falou em painel presidido pelo conselheiro Paulo Teixeira, que destacou a importância das práticas conciliatórias. “Infelizmente somos um povo criado para o litígio. Só acreditamos na resolução do litígio com a intervenção de um juiz. É importante estimularmos boas práticas”, afirmou o conselheiro.
Segundo Vanessa, os filhos podem ser resilientes ao divórcio se os pais souberem conduzir a situação. “O divórcio não é o grande vilão, mas sim os conflitos mal administrados dos pais. As experiências nas varas de família nos mostram que pais e mães arrastam os filhos para os litígios, usando-os como mensageiros e espiões, ou seja, como instrumentos de vingança para atingir o ex”, afirmou.
De acordo com a magistrada, a Oficina da Parentalidade visa ajudar as famílias nesse momento tão conturbado. A iniciativa oferece sessões em grupos para os filhos a partir de 6 até 16 anos. O ex-casal é atendido em separado, em um único encontro, com duração média de quatro horas, e com a participação de psicólogos, pedagogos e juízes. “O ex-casal é separado em grupos mistos, composto por homens e mulheres e nos quais abordamos os efeitos que os conflitos podem acarretar nos filhos”, explicou Vanessa, destacando que nas oficinas são exibidos diversos vídeos com situações de conflitos reais.
“Abordamos também o que os pais podem fazer para os filhos superarem esse momento. Os filhos têm direitos... o de amar seus pais, de não ter de escolher um lado. Por isso, ressaltamos para os pais a importância de validarem o sentimento de seus filhos”, acrescentou.
A experiência tem apresentado resultados expressivos. Segundo Vanessa, os índices de conciliação dos que não participam das oficias giram em torno de 50%. No entanto, entre os ex-casais que passam pela experiência, a taxa sobe para 70%. “Diante da sensibilização, percebemos a vontade dos pais que participam da oficina em cooperar com o processo de mediação. E isso faz toda a diferença”, destacou a magistrada.
Ela explicou que a proposta da oficina é transformar qualitivamente a relação entre os pais e filhos, harmonizando-a. “A alienação parental é coisa séria. Quem a comete pode até mesmo perder a guarda”, alertou a juíza.
A I Conferência Nacional de Mediação de Família e Práticas Colaborativas é uma iniciativa do Comitê Gestor do Movimento pela Conciliação do CNJ, presidida pelo conselheiro Emmanoel Campelo. O órgão também realiza, a partir desta quinta-feira (11/12), o Curso de Formação de Supervisores em Mediação. O evento será realizado até sexta-feira (13/12) em Brasília/DF.
Giselle Souza
Agência CNJ de Notícias

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