sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quem são as "socialites do vídeo?

por Altamiro Borges

O vídeo acima,produzido curiosamente pela TV Folha,causou impacto na internet.
Os ativistas digitais se divertiram com as idéias "brilhantes" das socialites-com suas teses conspirativas ,seu apoio à repressão na USP e sua visão colonizada sobre os EUA,entre outras babaquices.O vídeo despertou minha curiosidade para conhecer as senhoras que participaram desta reunião tão chique.
No encontro,que parecia tão espontânea,nenhuma delas é inocente.Todas elas têm longa trajetória.A psicanalista Maria Cecília Parasmo ,que coordenou a reunião do grupo de mulheres batizado de "Ação em Cidadania",tem forte ligação com os tucanos de São Paulo,Já em 2002,ela organizou uma badalada recepção à Mônica Serra,esposa do candidato derrotado José Serra.
A jornalista Gisele Vitória,do portal Terra,fez um relato divertido daquele encontro:

A casa da psicanalista Maria Cecília Parasmo no Morumbi,em São Paulo,foi transformada num auditório.A bancada do bar de estilo tradicional na sala ganhou ares de palanque para uma platéia de 80 senhoras elegantes e cuidadosamente penteadas.Tudo preparado para a chegada da psicoterapeuta Mônica Serra,mulher do candidato à Presidência da República (em 2010).
O objetivo: multiplicar votos para o tucano.Servidas com taças de prosecco e canapés de shitake,entre outros do Buffet Márcia Faccio,todas se apresentaram entre si.Eram socialites,médicas,psicanalistas,donas de escola,advogadas,decoradoras e esposas de empresários.A elas foi distribuída a letra do Hino Nacional,que não chegou a ser cantada.

Ana Paula Junqueira,uma das mais falantes na reunião da "Ação em Cidadania",é bem conhecida nas colunas sociais,que vive bajulando a distinta senhora.Ela também é veterana na política.Dirigente da "Liga das Mulheres do Brasil '(Libra)'",ela já disputou três eleições para deputada federal,mas nunca conseguiu transformar a sua grana em votos e só colheu derrotas.
Segundo reportagem da Veja de abril de 2008,a socialite é uma expressão quase perfeita da elite nativa:Não que Ana Paula seja perfeita,ao contrário.Dois defeitinhos ela assume:Sonha em fazer carreira política (já se candidatou,em vão,duas vezes a deputada e pretende tentar de novo);e tem uma relação maleável com os fatos quando se trata da data do nascimento."À vezes a gente mente a idade,sim",diz,com seus 37 anos declarados."Fiz uma liposinha há muito tempo.E é claro que já coloquei Botox e já fiz preenchimento",resume.
"A rainha das Amazonas"
Ana Paula já foi chamada pela revista Veja de "A rainha das Amazonas".Seu marido,o empresário sueco Johan Eliasch,dono do grupo Head,de materiais esportivos,e que tem uma fortuna calculada em 700 milhões de dólares,comprou 160 mil hectares de terra no Amazonas,um latifúndio "maior do que Londres".O projeto,segundo a aduladora Veja,teria fins ecológicos.
Depois se descobriu a existência de uma madeireira no local .O empresário foi acusado pelo governo de explorar e transportar madeira nobre da floresta.Mesmo assim,Ana Paula Junqueira se apresenta como ecologista.No ano passado,ela se engajou de corpo e alma-e grana-na campanha de Marina Silva.
Numa entrevista à jornalista Cláudia Jordão,da revista IstoÉ,ela tentou explicar essa contradição:

Você acredita que,com tantos contatos no Brasil e no exterior,pode agregar algo à candidatura de Marina Silva à Presidência?
Tenho certa humildade em relação a isso.Acho que ela é a grande estrela.Mas no que eu puder agregar e realmente acho que posso,no sentido de levá-la a pessoas que não sabem a mulher que ela é,vou fazer.Acho que posso fazer isso por ela.Para você governar um país,isso é muito importante.Não dá para ficar concentrada em uma só classe.
Você e Marina Silva fazem parte do mesmo partido,mas são mundos completamente distintos.O que tem em comum?
Eu admiro muito a Marina Silva,pela própria história de vida que ela tem.Ela é uma mulher lutadora,honesta,que se preocupa com o outro.Apesar de a gente vir de mundos diferentes,temos algo em comum.Nosso ponto de encontro é a preocupação com o próximo,é o nosso ideal que é muito parecido.Além disso, a honestidade,o fato de querer um país sustentável,de prever ter um mundo sustentável.Nos preocupamos com o mundo,com o próximo.
A experiência do seu marido,e comprar uma madeireira e terras no Amazonas,não foi das melhores.Qual era o objetivo dele?
Ele comprou a área para proteger.Era e continua sendo o intuito dele.Apesar de ser algo muito complicado,o desejo dele é mostrar para a população local que isso é possível.
Se a intenção era preservar,porque seu marido comprou uma madeireira,na época?
Não,a madeireira ficou dentro da terra.A madeireira veio com a compra das terras,entende?Inclusive,essa madeireira foi comprada de um fundo americano,não de um brasileiro.Ele comprou porque tinha um projeto ambiental.Ele é dono de uma empresa chamada Head,uma multinacional de produtos esportivos,e um dos principais segmentos dela é o de produtos voltados para a prática de esqui.
Outra madame que aparece no vídeo é conhecida nos meios políticos.A advogada Raquel Alessandri integra a Liga das Mulheres Eleitorais e costuma promover jantares anuais no Jockey.Em 2005, por exemplo,ela comandou uma festa para 150 convidados,que homenageou a ex-senadora Heloísa Helena e Mônica Serra,segundo relato e fotos no sítio do Jockey.Já Márcia Kitz,dirige a Associação Mulheres de Negócios e atua a quatro décadas no mercado financeiro.

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